Contos que eu nem te conto
Por Paula Alves
Ontem, tomando banho de sol e meditativamente contemplando o
ócio criativo em baixo de um arbusto , de repente algo roça em minha testa,
como uma insistente pluma a me fazer quase perturbadora cócegas e no que eu
olho, o que vejo: uma flor olhando para mim.
Aprecio-a feliz pela sua insistência em fazer parte da minha
existência e tento me desviar ao retorno de minha contemplação do vazio, quando
a mesma flor insiste que eu a ESCUTE...em um convite tão inusitado que eu me
torno literalmente toda ouvidos e presença ao inaudível.
Voce já escutou uma flor...
Mesmo assim ainda pensei: acho que esta flor quer que eu
fale com ela, mas ela insistiu e o silêncio que me emudeceu as palavras como
páginas em branco abriu a minha mente e confirmou sua insistência em ouvir a
flor que já me hipnotizara com sua misteriosa presença vivificada em convite a
um diálogo silencioso.
Me rendi ao desafio de escutar uma flor. Uma nova linguagem, algo novo se apresentava em sua dança, nos seus silenciosos movimentos vibracionais repletos de melodias , histórias, mensagens inaudíveis para a mente, desafiadoras para o coração, e apenas compreendida pelo espírito que egoísticamente tomando para si o compartilhar não as revela nem ao coração, nem a mente, deixando-me assim, buscando palavras para explicar o que não tem palavras para sequer compartilhar, pois a experiência não cabe no ego nem no alter ego.
Mesmo assim, desejosa de
multiplicar esta experiência a todos que possam
sentir-se convidados por uma flor a escutá-la, a mente sempre encontra
recursos para satisfazer o alter ego- a imagem, a pergunta e o filosofar!
Voce já escutou uma flor...
Nem te conto!
Paula Alves
Relações Públicas Fora da caixinha
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